Sérgio e Marlon estavam brincando na rua
de baixo da casa deles, quando avistaram uma casa abandonada, com uma
parte do muro derrubada. Essa casa era muito grande e com uma
arquitetura bem antiga. Curiosos, entraram no lote para verem mais de
perto, era noite, e o ar estava gelado, mas ao adentrarem pelo jardim
da casa sentiram uma estranha onda de calor, suave, mas de alguma
forma, inexplicavelmente aconchegante. Marlon, o mais novo dos
garotos, ruivo, de nariz fino e longo, sentiu-se flutuar, como se
envolto por uma manta de rara halo, que o deixava mais leve e certo
de que ali havia algo desconhecido e mágico; dentro dele cresceu uma
única vontade, ter a beleza daquele momento, para sempre, guardada,
em si. Sérgio, moreno de olhos grandes, dentro de si alimentava o
desejo de mostrar ao mundo, o que quer que fosse que naquela casa
habitasse, essa manta que o acalentara deveria fazê-lo a todos.
Mal perceberam os amigos que atravessaram o
jardim que sem notar o caminho já estavam agora parados em uma sala
escura, pouco alumiada pela luz da lua que atravessava as finas
cortinas, ambos estavam calados, mas se olharam fixamente, um no
outro, como se procurassem algo de diferente em seus rostos, não
havendo nada, prosseguiram em silêncio, lado a lado, em passos
leves, mas firmes em direção a escada que se projetava sob a luz
lunar, antes de subi-la olharam-se novamente, por mais que ansiosos,
seus corações batiam num ritmo calmo, e subitamente suas mãos
estavam dadas, eles começavam a subir as escadas.
Ruídos; ecoavam pela sala onde estavam,
casas antigas e seus estalos noturnos, os garotos não podiam pensar
em nada além do que o que aquela noite em particular os mostraria,
Sérgio soltou a mão de Marlon chegando ao topo da escada, haviam
duas portas predispostas, misteriosamente iluminadas pelas brechas
por uma luz esverdeada, Marlon e Sérgio não precisavam falar nada,
se olharam, não sugerindo, mas confirmando, o que já sabiam que
fariam; as portas foram abertas simultaneamente, Sérgio foi pela
esquerda, enquanto Marlon pela direita, e as portas se fecharam, com
uma lufada vinda não se sabe de onde, e os dois garotos tiveram a
mesma reação, em vão tentaram abrir a porta que agora ficava por
trás do caminho que seguiriam. Olharam adiante; e não se via nada,
na verdade só se via uma luz verde, que parecia estar vindo de um
lugar longe de mais para o tamanho da casa que invadiram. De repente,
as paredes se desfizeram, os amigos podiam se ver mas não se ouvir,
paredes concretas não eram, mas eram paredes, pois os dividiam, por
mais que sua esverdeada transparência permitisse que ambos se
sentissem na companhia de um amigo.
Capitulo II- Paredes de luz
Sérgio e Marlon se olharam atentamente
através daquela luz que os dividia, e lentamente tentaram unir suas
mãos, estava confirmado; não era possível atravessar aquela luz,
mas ela também não parecia nociva, Marlon se apressou em seguir em
frente, mas dados poucos passos, um fragmento escreveu-se no ar, e
também na frente de Sérgio que vinha logo atrás, era um tanto sem
sentido para ambos, o que leram desvaneceu, antes que pudessem reler,
mas os amigos gravaram bem o trecho:
Narinas Lamparinas
De lamparinas, de dragão, narinas,
Partículas, envidradas, luz interna,
Magma, magnificência herdada,
Cutícula, das estrelas, extraída,
Pirilampos, vagalumeados,
Vapores, incandescentes,
Energias, reencarnadas,
Corpos, avivados, luados.
Refletindo sobre o possível sentido da
frase os amigos seguiram cada um por seu caminho, e logo se viram
prestes a adentrar pela intensa luz verde que os guiava; e num
respirar tomaram coragem, entraram por completo imergidos num cenário
inusitado, a luz concentrou-se branda diante deles, e tomou forma,
aos poucos se transformou na silhueta do que parecia um humano, e
como se as partículas de luz materializassem e se revestissem de
carne, ali na frente de Sérgio, formado de luz, estava um Marlon,
recém formado, recém nascido, mas com a mesma aparência já
conhecida pelo amigo, e o mesmo aconteceu na frente de Marlon; então
naquela luz secreta se revelavam corpos humanos? Em seus corações
indagavam os meninos, que assombrados e encantados admiravam aquela
visão. Uma voz, ecoou pelo ambiente, um quarto branco, Marlon podia
ouvir a voz de seu amigo, e o mesmo podia ouvir a voz de Marlon, mas
os amigos nada diziam, apenas escutavam calados o que estava para se
revelar, esta voz de Marlon dizia para Sérgio o mesmo que a voz
desse Sérgio de luz dizia para Marlon.
As Vozes
Do vento do norte, todos viemos, para ele,
todos
retornaremos, o sopro do sol é guia do
espírito,
e pela luz o corpo é preenchido, tudo
pertence e permanece
na luz, o ciclo é evidente, a carne mortal
é descendente,
e o amor é emergente, é urgente...
Marlon, desperta de um profundo sono, foi
tudo um sonho, por mais real que fosse, ele e... Sérgio... Sérgio!
Marlon precisava falar com ele, e num pulo saiu da cama, ainda de
pijama, correu pela madrugada até a casa de seu vizinho amigo, que
também de pijama, corria pela rua, em direção da casa de Marlon.
Os dois amigos foram andando lentamente um em direção ao outro,
fazia frio, e no ar as respirações deixavam um rastro, entre os
amigos se nutria um silêncio, ambos tinham os olhos fixos um no
outro, cada vez mais próximos, os dois, silentes, nada sugeriam, mas
confirmavam, o que como no sonho já sabiam que fariam; os lábios se
abriram, simultaneamente, e aconteceu um beijo, subitamente estavam
de mãos dadas, andando em direção ao sol que já nascia, e esse
foi o começo, do que o vento do norte tinha em mente.
27 – 204
Criativo e misterioso.
ResponderExcluir202,11
Muito bom o seu conto,interessante e gostei do desenvolvimento da história
ResponderExcluirMatheus Augusto;turma 201
Boa historia so que ela esta muito cansativa
ResponderExcluirBoa a historia so que esta muito cansativa 07 Turma:203
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