sábado, 21 de setembro de 2013

Dádiva e dívida

Patrícia estava em uma festa na casa de amigos. A festa estava boa, mas já estava quase no fim e ela decidiu ir embora com uma amiga. Despediram-se de todos e foram caminhando para casa às 11 horas da noite. No caminho não havia muita gente, pois estava muito frio naquela noite. De repente elas se depararam com Pedro, uma antiga paixão de Laura (a amiga que acompanhava Patrícia).
As duas ficaram totalmente extasiadas ao vê-lo, já que 8 meses atrás Pedro tinha saído da cidade e ido para Londres, onde decidiu morar com seus tios para estudar Medicina.
Incrível! — disse Pedro num tom meio tímido — Vocês ainda são exatamente as mesmas de 8 meses atrás.
Em 8 meses não se muda muita coisa. — Laura disse repentinamente, talvez tentando insinuar alguma coisa.
Se deu então um longo silêncio, mas foi logo quebrado por Patrícia...
Olha, eu vou deixar vocês dois aí conversando enquanto eu... dou uma olhada ali naquelas árvores. — Disse Patrícia, num tom irônico meio cômico.
Patrícia foi se afastando lentamente tentando ouvir alguma coisa, mas a tentativa foi inválida já que o silêncio permanecia entre Pedro e Laura.
Quando se deu por si, já estava bem distante dos dois, mas perto o suficiente pra ver Laura estralando os dedos e mexendo no cabelo a cada dois minutos. — Ela sempre age assim quando está nervosa — pensou Patrícia em voz alta.
Seus pensamentos e críticas logo foram interrompidos...
­— Já te disseram que é perigoso sair andando sozinha e desatenta a essa hora da noite? — disse alguém, que era totalmente desconhecido por Patrícia.
Oi? Não, mas já me disseram que é perigoso falar com estranhos, com licença. Patrícia não poderia ter sido mais ignorante.
Henrique! — gritou o estranho ao ver Patrícia se afastar.
Ãn?!
Meu nome, Henrique... e o seu?
Não acho que eu seja obrigada a dizer.
­— E não é, me diga só se quiser.
Ela não tinha notado ainda, mas se virou pra traz e percebeu que o tal estranho, Henrique, era totalmente charmoso, talvez o mais charmoso que ela já tinha visto. Olhos pequenos, e o sorriso mais lindo que poderia existir. Naquele momento Henrique fez com que Patrícia se sentisse totalmente com raiva pela sua ousadia, e atraída pela sua beleza, e isso com certeza a fazia se sentir muito idiota.
Após ficar feito tonta admirando a beleza de Henrique, ela resolveu se manifestar.
Patrícia... ­­— sussurrou ainda hipnotizada.
Como?
Patrícia! — dessa vez disse em alto e bom som. — Que é? Além de estranho é surdo?
Apesar de estar totalmente encantada, Patrícia era “marrenta”, e isso era o que a tornava interessante para os garotos. Sabendo disso, ela não poderia perder a marra, não agora.
Hahahahaha! — Henrique deu uma gargalhada tão alta e forte que Patrícia não poderia saber se ele achou engraçado ou se debochava dela. — Porque saiu tão cedo da festa?
Estava totalmente cansada, e minha amiga também então... — sem que ela pudesse perceber já estava conversando com Henrique como se ele fosse um conhecido.
Mas... onde está a sua amiga?
Estranho, surdo e cego, pena que não é mudo. — Patrícia disse totalmente sarcástica e finalizou a frase dando seu melhor sorriso de ironia.
Ou talvez você seja maluca, porque aqui não tem ninguém além de mim e você. — Henrique disse olhando em volta e sorrindo.
Quando Patrícia olhou ao redor notou que realmente Laura e Pedro já não estavam mais à vista, então começou a andar em direção de onde tinha os deixado, sendo seguida por Henrique.
Eles têm que estar aqui, como pode? Será que eu andei demais? — disse Patrícia em total desespero.
Seu desespero foi interrompido por uma mensagem de Laura “Amiga, você sumiu, eu vim pra sua casa e estou te esperando aqui, está tudo bem?” Patrícia suspirou aliviada e respondeu a mensagem. Depois disso se virou para Pedro e disse:
Eu preciso ir, minha amiga está me esperando.
E eu também estarei.
Oi?
Eu estarei te esperando amanhã, aqui mesmo, às duas da tarde, pode ser?
Pode. — Patrícia se arrependeu antes de terminar de dizer. — Eu... preciso ir, tchau.
Antes que ela pudesse olhar pra trás Henrique já tinha sumido, então ela foi para casa.
>Sua maluca! Onde você estava cretina? Eu e Pedro te procuramos por um tempão. — já foi dizendo Laura, brava e curiosa.
Ah, não importa, me diz você. E o Pedro, e vocês, e aí?
Conversamos muito pouco, na maior parte do tempo reinou o silêncio, trocamos telefones e ele ficou de me ligar.
Mas você acha que vocês vão se resolver?
Não sei, não sei se quero, muita coisa mudou...
Tá louca? E todos esses meses que eu fiquei ouvindo o nome dele a cada dois minutos? Foi em vão? — disse Patrícia tentando aliviar a tensão que a amiga transparecia.
As duas riram e conversaram bastante ali mesmo. Subiram para o apartamento de Patrícia e enquanto ficaram comentando e rindo sobre a festa, Patrícia não pode deixar de notar que Laura olhava muito para o celular. Ela sabia que a amiga gostava muito de Pedro, mas também sabia que ele não era dos mais confiáveis. Ela se lembrava perfeitamente de quando Pedro fez sua amiga sofrer pelo fato de ter sumido da cidade de repente, e ela sabia que Laura ainda precisava dela assim como precisou a alguns meses atrás quando tudo aconteceu. Entre tantos pensamentos, Patrícia se pegou pensando: Engraçado, nunca fui deixada, meu coração nunca foi partido por ninguém, isso é uma dádiva ou uma dívida? Já ouvi tanto que sofrer faz parte da vida. Sorriu, pois se sentia totalmente forte, e precisava ser, já que Laura era muito frágil. Era assim, exatamente assim, Patrícia era sempre o porto seguro de Laura, e nunca sequer precisou de um conselho ou qualquer ajuda que não fossem relacionados a roupas.
Patrícia não comentou nada com Laura sobre o gato estranho, e ainda estava pensando se ia mesmo se encontrar com Henrique no dia seguinte.
As duas adormeceram enquanto fofocavam, o dia amanheceu e Laura foi pra sua casa. A manhã inteira Patrícia ficou vivendo o famoso “Vou ou não vou?” quando olhou no relógio e viu que já eram uma da tarde, decidiu se arrumar e ir.
Quando chegou lá Henrique já estava, ele sorriu pra ela de longe e veio andando em sua direção.
Algo me dizia que você viria mesmo. — disse Henrique em meio a um sorriso encantador.
Ah, para, eu decidi vir de última hora, você não está podendo tanto assim. — Laura se viu totalmente nas mãos de alguém em tão pouco tempo, isso nunca havia acontecido, e por mais que ela se sentisse com medo, ela gostava disso.
Os dois conversaram ali por horas, e isso se repetiu por vários dias, semanas, meses... O tempo foi passando e era rotina, os dois sempre se encontravam ali, quase todos os dias.
Laura agora já sabia de toda a história, e viu sua amiga pela primeira vez “apaixonadinha”, achou logo perigoso, e soube que agora era sua vez de ser a durona já que previu que logo Patrícia ia precisar dela.
Um dia no quarto de Patrícia as duas conversavam sobre tudo, até que surgiu o assunto “Pedro”.
Amiga, e o Pedro, notícias? — perguntou suavemente Patrícia.
Ah sim, nós conversamos bastante e decidimos, quer dizer, eu decidi que não quero levar isso adiante. — respondeu Laura com total certeza.
As duas conversaram sobre, mas Patrícia deixou a amiga enquanto se arrumava pra se encontrar com Henrique. Quando de repente seu celular tocou, Laura pegou o telefone e gritou:
Ih, é o Henrique! Acho que alguém está atrasada.
Henrique? — gritou Patrícia do banheiro e foi correndo atender. — Alô? — Patrícia mudou totalmente a expressão num segundo de empolgada a chocada. Laura se levantou da cama preocupada enquanto Patrícia se sentava na cadeira da penteadeira. — Mas, mas eu não entendo! Henrique, fala comigo, me explica?
Patrícia desligou o telefone e começou a chorar, Laura em desespero perguntou:
O que aconteceu? Porque você tá chorando? — disse com total compaixão.
Eu não entendi. — Patrícia tentava se explicar em meio suas lágrimas e soluços, o que nem ela fora capaz de entender. — Ele disse que nunca mais iríamos nos ver, disse que foi embora e eu não precisava saber para onde...
Laura ficou muito comovida pela amiga, mas antes que ela pudesse reagir, Patrícia deu um berro:
Quer saber? Eu não preciso dele, nunca precisei, se ele pensa que eu vou ficar aqui sofrendo por ele, se enganou. Hahahaha — e riu tentando confortar a sim mesma.
Patrícia, para! — disse Laura em tom de autoridade. — Você não precisa ser forte o tempo todo sabe? Sofrer é necessário, é aprendizado. E olha, você tem a mim. Eu vou estar sempre com você assim como você sempre esteve comigo. — Laura sorriu carinhosamente para Patrícia e se aproximou. — Você deve sim sofrer, mas não sozinha, eu estou aqui, sempre que você precisar. E por mais que eles nos deixem teremos sempre umas as outras.
As duas se abraçaram, se confortaram e ali ficaram por muito tempo, sentindo a verdadeira amizade. E nesse dia, Patrícia aprendeu, que por mais que ela fosse forte, era humana e havia de sofrer também, mas que em momentos de dor, ela poderia sempre contar com a força de Laura, sua única e melhor amiga, e porque não chamá-la de irmã?
Só quem já teve uma família na rua vai entender do que eu estou falando.” — Rashid

03 – 202

6 comentários:

  1. O interessante que essa história normal que pode e é ser vivida por muita gente que se julgam fortes, mas que se veem frageis em algum momento da vida.

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  2. Achei a história bacana, mas achei que poderia ter sido resumida. Rebeca 203

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  3. Parabéns pelo texto, ficou grande e com sentido
    Gustavo Costa N:12 Turma:203

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  4. A historia me fez até refletir...Gostei muito, nao esperava que ele a deixa se , esperava um "felizes para sempre" rsrs.Mais tudo bem.

    Isabella Martins - 202

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  5. Achei o conto muito legal e nao tenho nenhum erro de ortografia e pontuação.

    Bruna Vieira -09 201

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  6. História boa, mostra como a amizade e´importante, mas achei ela grande demais! E algumas vezes, os nomes das personagens eram trocados, ou eu entendi errado.
    N°: 12; Turma: 201

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