Os irmãos Catarina e
Damião haviam encontrado uma estranha e pequena porta na parede do
porão mas sua mãe interrompeu a brincadeira chamando-os para se
deitar... tiveram de conter a curiosidade para o dia seguinte. Quase
não conseguiram dormir. Passava mil coisas pela cabeça de cada um,
mas enfim pegaram no sono. No outro dia, chegando em casa depois da
aula, foram direto ao porão... e descobriram que a porta não era
comum, era feita de uma madeira diferente, mas isso não atrapalhou a
curiosidade de Catarina e Damião, pois queriam saber o que havia por
trás daquela porta. Procuraram então a chave para abri-la mas não
conseguiram encontrar. Damião perguntou para Catarina como eles iam
fazer para abrir a porta, então tiveram a ideia de pegar um ferro
que estava no chão e forçaram a porta com ele. Demorou um pouquinho
mas conseguiram. A expectativa dos irmãos era grande e seus olhinhos
brilhavam de emoção pela aventura que estavam a compartilhar.
Já com a porta aberta
perceberam que havia um quarto cheio de coisas antigas muito velhas,
mas em bom estado de conservação. Foram olhando tudo e Damião logo
se interessou por um livro de capa dura e muito colorida que estava
no conto do quarto, pediu para Catarina ler o título para ele... ela
então se espantou e leu o título: A FALSA ASSOMBRAÇÃO.
_ Mas o que seria isso?
– Perguntou Damião espantado.
Os irmãos se sentaram e
Catarina começou a ler o livro que não era de muitas páginas. A
história começava assim:
“Era uma vez um homem
que se chamava José. Ele morava em uma cidadezinha do interior com
sua esposa Filomena e dois filhos João e Mara. José era muito
trabalhador, porém muito medroso. Para ir para seu serviço, ele
tinha que caminhar em um trilho no meio da mata por cerca de uma
hora. Na ida tudo bem pois o dia estava claro, mas na volta já
estava noite e José ficava ressabiado de entrar mata adentro.
Seus colegas já sabiam
do medo de José e viviam caçoando dele. Mas um belo dia estavam
voltando para casa José e cerca de cinco amigos... já era umas sete
horas da noite e a mata estava escura, quando de repente José olhou
mais a frente e percebeu no meio do capim baixo que haviam olhos
vermelhos com chifres no meio do capim. E José começou a gritar:
_ Olha a assombração,
olha a assombração.
Os colegas de José
começaram a rir falando que ele era medroso e covarde, pois se
assustava à toa. Mas José continuou a dizer:
_ É verdade, olhem lá
no meio do mato.
Quando os colegas de
José olharam, ficaram assutados e três deles correram sem olhar
para trás, gritando e rezando para todos os santos. Os outros dois
não sabiam o que fazer até que um deles resolveu ver mais de perto
o que era aquilo, enquanto José estava petrificado de medo sem se
mexer do lugar. Um dos colegas começou a andar em encontro a tal
assombração e de repente...
Catarina então deu uma
pausa na leitura para dar uma esticada no corpo, Damião então logo
disse:
_ Vamos Catarina, você
parou no melhor da história. Vamos, vamos! Continue lendo para mim.
Estou curioso para saber o que vai acontecer. – Catarina então deu
um sorriso e começou a ler novamente.
Como a historia nos
dizia, um dos colegas de José começou a chegar perto da tal
assombração e percebeu que era um grupo de bois deitados no meio do
capim. No meio a escuridão os olhos ficaram vermelhos e a sombra dos
chifres fez parecer assombração. Quando ele viu que não era nada
de assombração, começou a rir e zombar de seus colegas. Foram
todos para casa. No dia seguinte, todos da redondeza sabiam da falsa
assombração que José tinha visto e começaram mais uma vez a
zombar dele, porém com uma diferença, ele não estava sozinho
nesta, pois arrumou mais três amigos medrosos que ficaram conhecidos
como carreirinhas, porque correram tanto que nem olharam para trás.
Ao lerem o fim da
história, Catarina e Damião começaram a rir tanto que sua mãe
ouviu lá de cima na sala da casa, e quis saber o que era tão
engraçado. Então os irmãos contaram a história para a mãe que
também gostou e não perdeu a oportunidade de falar para os filhos o
valor de uma boa leitura.
16 – 204
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