Lembranças

Chegando em casa, Túlio notou que a porta da sala estava entreaberta. Ele nunca deixou de verificar as portas e janelas quando saía. Então, entrou bem devagar olhando tudo em sua volta. Na sala e na copa, parecia tudo normal. Continuou andando sempre com muita atenção. Quando chegou na cozinha, sentiu um cheiro que lembrou os tempos de criança, quando brincava no quintal da casa da avó materna, ele sorriu sentindo o coração bater forte e a mão tremula, olhou ao fundo da cozinha e ali viu em pé, com os cabelos brancos, a pele enrugada, os olhos cansados e marcados pelo tempo. Então Túlio correu em direção aquela imagem, mas percebeu que era apenas a dor da saudade, pois a uma semana Túlio havia sepultado a avó materna e foi para ele uma tristeza e uma dor que partiu o coração. Pois Túlio amava a avó que o criou desde os três meses de idade e hoje Túlio aos 30 anos sofre a dor da perda. Túlio deixa escapar o choro e entra na cozinha, senta-se a mesa e diz para si mesmo: “A dor da separação será sempre lembrada e com certeza guardarei no coração o cheiro gostoso do almoço de domingo. As flores bem cuidadas no jardim de casa.”

Agora parado ali sentado na cadeira que a avó costumava sentar-se e tomar um café forte como ela dizia todas as manhãs, Túlio chora porem ergue a cabeça e diz: “Somente o tempo pode aliviar a dor da perda de uma pessoa tão querida.”

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