sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Belo desastre

Sérgio e Marlon estavam brincando na rua de baixo da casa deles, quando avistaram uma casa abandonada com uma parte do muro derrubada. Essa casa era muito grande e com uma arquitetura bem antiga. Curiosos, entraram no lote para verem mais de perto. Eles nunca tinham visto uma casa tão grande quanto estranha. Suas portas e janelas pareciam chama-los de alguma forma, já se passava das três da tarde.
Sérgio começou a se aproximar, as arvores ao redor da casa formavam um tipo de parede, podia ser esse o motivo de nunca terem visto aquele lugar antes. Era estranho... E ele mesmo se perguntou... Como, e porque aquele jardim era tão vivo e bonito se a casa estava com a aparência de que ninguém morava lá há uns 30 anos. Marlon estava hipnotizado com tudo aquilo, imóvel. O verde chamativo das arvores trazia a lembranças das ultimas ferias que havia passado no sitio do seu avô no ano anterior.
Eles se olharam por certo tempo... Quando ouviram um barulho, parecia de uma porta que havia se batido. O som tinha vindo do outro lado da casa... Curiosos decidiram explorar o quintal dos fundos. Havia um corredor não muito estreito que passava do lado esquerdo da casa que levava ou quintal.
Os dois um pouco desorientados, foram andando cuidadosamente. Um passo por vez...
O coração de Marlon estava batendo tão rápido que nem podia se sentir. Suas mãos começaram a suar e isso o deixa ainda mais nervoso.
Sérgio parecia calmo, mais não costumava demonstrar emoções. Chegando do outro lado puderam ver o restante do jardim. Sem duvida era o jardim mais bonito que os dois já tinham visto. Não era igual. Era vibrante e vivo como nenhum outro.
Marlon subiu uma pequena escada que levava a uma varanda, havia um banco vazio e empoeirado. Tudo era morto, ou ao menos aparentava. Sérgio o seguiu os dois ficaram parados olhando a porta que ficava a um pouco mais de um metro de distancia.
Sérgio decidiu entrar. Ao se aproximar a porta se abriu lentamente, provocando neles uma sensação de frio na barriga. Marlon tentou piscar varias vezes para ter certeza do que estava vendo. Quase não podia acreditar, na verdade não podia. Sérgio não se mexeu, seus olhos se focaram e ele pode até sentir o ar entrar em seus pulmões.
Então a porta se abril completamente, e ali estava uma garotinha de mais ou menos uns seis anos de idade olhando fixamente para eles. Seus olhos brilhavam muito, ela estava usando um vestido azul cor do céu, que juntamente com seus olhos parecia entorpecer quem a observava.
Eles se olharam. Marlon estava pasmo. Sua pele era branca como giz, ela parecia estar ali por algum motivo... A expressão desenhada no seu rosto não era feliz ou ao menos próximo de ser. Ela ainda mantinha os olhos direcionados para eles. Marlon na tentativa de se aproximar um pouco mais, deu um passo lentamente, ficando a poucos centímetros da porta, a criança parecia assustada. Ela olhou para ele como se temesse algo. Mas o que ele poderia fazer.
Sérgio se surpreendeu com a atitude do irmão, e então se aproximou dele, a garota rapidamente desviou sua atenção para ele o deixando paralisado. Em quanto à menina se mantinha ocupada olhando para Sérgio, Marlon tentou se encorajar para poder falar com ela. Então sem pensar muito e com a garganta seca, disse:
_ Olá!
Então sem que eles pudessem piscar, a garota desapareceu diante dos seus olhos... Os dois não se mexeram. Estavam em pânico, não sabiam o que fazer se saiam da li correndo ou então ficavam para ter certeza do haviam visto naquele momento. Com mil duvidas pairando sobre eles, decidiram ficar.
Agora já se passava das quatro horas e meia da tarde e estava começando a escurecer, e o pensamento de Marlon foi direto a mãe que os aguardava em casa às sete da noite para o jantar. Sérgio estava com medo mais sua curiosidade era maior. Começaram a andar pela casa. Vazia e sem vida eram as palavras que se encaixavam melhor ao ambiente, passaram pela cozinha e se depararam com um corredor não muito longo que parecia levar para um tipo de sala de estar, ao passar pelo corredor Marlon sentir uma forte dor de cabeça momentânea, então chegaram ao que realmente parecia ser uma sala, não havia muita coisa, apenas uma mesa de centro e duas poltronas antigas.
De repente começaram a ouvir uma risada meiga e feliz do que parecia ser uma criança, e então como um eco eles viram no canto esquerdo da sala duas crianças brincando, a visão se manteve por uns 3 segundos... O susto foi tão grande que Sérgio deu um rápido passo para traz e quase quebrou um vazo pequeno que estava em cima da única mesinha da sala. Sérgio pegou o vazo com mais cautela e olhou de mais perto, parecia um vazo feito à mão, não era muito bem feito até parecia inacabado, então subiram uma escada que levava ao segundo andar, a escada de madeira já velha deixava a casa com a aparecia ainda mais antiga. O segundo andar parecia mais amplo e estava vazio, completamente vazio, a ansiedade dos dois a cada minuto aumentava mais. Então entraram em um cômodo. Só havia uma janela grande e um tipo de papel de parede com bailarinas e florais cor de rosa que já estava desbotado. Eles se aproximaram da janela se afastando da porta. Aporta se bateu com força, quando se viraram Lá estava duas crianças, a que haviam visto antes, e uma não muito parecida a não ser a pele cor de giz.
Elas não pareciam querer machucá-los, eles se espantaram. Sérgio ainda estava como vazo nas mãos. Marlon tentou novamente começar uma conversa:
_ Olá!
_ Oi.
Ele se surpreendeu, não esperava que ela respondesse.
_ Vocês estão bem? Não foi nossa intenção assustá-los! – Ela sussurrou...
_ Não foi?
_ Não. Só queríamos brincar. Ela deu um leve sorriso meio malicioso...
Sérgio interrompeu.
_ O que fazem aqui? Quem são?
A outra garotinha respondeu olhando diretamente em seus olhos.
_ Nós moramos aqui. Desde sempre.
_ De quem é o jardim? – Marlon Perguntou.
Então a garota do vestido azul-céu se aproximou e passou a mão pelo braço de Marlon. Sua mão o ultrapassou e fez com que um arrepio avassalador tomasse seu corpo. Ela os conduziu até a sala de estar no andar de baixo.
_ Era verão e estávamos nos divertindo muito, brincado na porta de casa, costumávamos passar tardes inteiras ali. Até que a bola caiu na rua e corremos para pega-lá... E um caminhão desorientado em alta velocidade veio, nós tínhamos tantos planos para aquele verão. Por que ele tinha que ter bebido naquela sexta-feira ensolarada, era um dia perfeito. Então a partir daquele dia vimos nossos sonhos irem embora... vimos nossos pais falecerem, nossa irmã mais velha se formar e realizar seus sonhos e se casar... nossa mãe não aguentou a tristeza, e o que a deixava melhor era cuidar do jardim, ela passava maior parte do tempo se dedicando ao que ela chamou de “belo desastre”, então desde que ela se foi, a parte dela que ainda se mantém viva é o jardim... E o que nos mantém vivas. Aquele vazo da mezinha na sala foi onde as últimas flores murcharam.

16 – 202

4 comentários:

  1. nossa ficou muito bom,muito interessante eu gostei.
    Paula vieira,28

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  2. Gostei muito da história, pelo fato de que no decorrer dela acaba ficando um pouco misteriosa.
    Nome: Isabelly Almeida
    Turma: 202
    Nº: 18

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  3. Adorei a história,gostei de como ficou a continuação.
    Nome: Gracielly Almeida,201 - n°15.

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  4. muito bom o conto gostei da historia das meninas e sua mãe
    18-201

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