Mateus e Ana estavam brincando
na rua de baixo da casa deles, quando avistaram uma casa abandonada,
com uma parte do muro derrubada. Essa casa era muito grande e com uma
arquitetura bem antiga. Curiosos, entraram no lote para verem mais de
perto e ouviram um grito:
_ Ana! Mat! O que é que vocês
estão fazendo? – olharam assustados para trás e viram seu amigo,
Samuel vindo em sua direção correndo e ofegante.
_ Ah Samuel que susto! –
exclamou Ana revirando os olhos.
_ Mas o que é que vocês
pensam que estão fazendo? Estão loucos? Vamos voltar agora! –
disse Samuel puxando Mateus pelo braço.
_ Me solta cara, nós só
vamos dar uma olhada, se quiser pode vir com a gente, se não fique
aqui e perca a diversão – exclamou Mateus puxando o braço de
volta.
Mesmo assustado Samuel
concordou com o amigo e decidiu acompanha – los. Já estava
anoitecendo quando caminhavam até a casa. Mateus primeiramente
tentou abrir a porta, forçando a maçaneta, depois chutou. A porta
velha era resistente, e mesmo ambos os amigos tentando arromba-la era
impossível abrir. Samuel, com um leve sorriso disse :
_ Cara, essa porta não vai
abrir, vamos embora.
Mateus deu um leve suspiro e
se virou para ir embora, quando a porta se abriu devagar e
silenciosamente e ele se virou inexpressivo, olhou para seus amigos e
se dirigiu a porta, não entrou. A casa era abandonada fazia cerca de
oitenta anos, quando um duque matou sua mulher, retirando seus órgãos
vitais ainda viva, como modo de tortura. Logo depois matou a filha e
se suicidou. Algumas décadas depois a casa esteve a venda, mas nunca
surgiu nenhum interessado, logo a imobiliária responsável pela casa
a abandonou.
Mateus de inicio se assustou e
depois olhou mais de perto, a casa estava em perfeito estado, não
havia luz, apenas os fracos raios de sol que entravam por fendas da
cortina o permitia ver a mobília antiga que não estava empoeirada,
mas conservada como se alguém a mante-se em ordem por todo esse
tempo. Deu pequeno riso e logo o conteve com a mão sussurrando:
_ Não acredito!
Logo, curiosos os outros dois
amigos se aproximaram da porta, impressionados. Permaneceram
observando a casa por um tempo, quando Ana quebrou o silêncio:
_ Nunca vi ninguém entrando
aqui, para limpar nada, nem agentes imobiliários ou parentes do
casal que morava ai.
_ Vamos entrar, parece não
ter problema – disse Mateus determinado, dando o primeiro passo
para dentro da casa, sendo impedido de entrar por Samuel.
_ Acho melhor não, se a casa
está tão bem conservada pode haver alguém morando aqui, então
seria invasão de propriedade.
_ Ah cara não seja chato,
vamos só dar uma olhada e saímos. Um minuto, tá?
_ Certo – respondeu Samuel.
Ambos os três entraram na
casa lentamente, e se dirigiram ao centro da sala pouco iluminada,
observando atentamente os detalhes da decoração requintada e
rudimentar, as poucas faixas de luz do sol que já estava se pondo,
permitia a eles enxergar quaisquer móveis que havia na sala. Apesar
de as janelas estarem fechadas, um sopro forte e silencioso fechou a
porta que bateu com força chamando atenção dos jovens, que
correram até ela assustados.
_ Droga, sabia que não era
boa ideia! – disse Samuel forçando a maçaneta tentando abrir a
porta sem êxito.
_ Ana, vamos olhar as janelas,
talvez estejam trancadas por dentro! - disse Mateus correndo até o
outro lado da sala onde havia três janelas.
Após verificar e forçar em
sentido contrário as janelas, Ana apavorada disse quase sem fôlego:
_ Não adianta as janelas não
estão nem trancadas, parece estar emperradas, é impossível abrir!
_ Droga, sabia que não era
boa ideia vir aqui – Samuel disse levando a mão ao rosto – quer
dizer que estamos presos?
_ Vamos procurar outra saída
rápido, antes de anoitecer, ou ficaremos presos aqui no escuro, o
que é pior ainda! – disse Ana se aproximando dos meninos.
_ Certo! Talvez haja uma porta
dos fundos ou uma janela aberta – respondeu Samuel.
Os três contornaram a escada,
refinada em detalhes e talhada em sucupira, chegando a um corredor
aparentemente escuro e sem saída, porém com várias portas. Todos
assustados andavam lentamente até a primeira porta, quando Mateus a
abriu, e observou apreensivo. Era uma sala branca e vazia, sem
janelas. Ele fechou a porta e eles continuaram até a próxima porta,
que havia a mesma aparência da primeira. Após abrirem a terceira
porta e observarem que havia a mesma aparência das outras, os três
resolveram se espalhar pelo corredor, e procurar por uma sala que
houvesse janela ou qualquer outra saída.
Procuraram por cerca de cinco
minutos, quando Samuel abriu uma porta, com a sala com a mesma
aparência das outras, a não ser por um detalhe. Uma jovem de cabelo
negros e vestido azul escuro estava agachada em um canto da sala
chorando, Samuel observou por um tempo e logo ao perceber que era
apenas uma garota, perguntou:
_ Você está bem?
Ela o olhou por um tempo e
depois voltou a chorar, sem pensar duas vezes Samuel entrou na sala
devagar, quando a menina se levantou e o empurrou. Caindo entre o
corredor e a sala, Samuel teve a perna presa pela porta soltando um
grito de dor. Imediatamente, Ana e Mateus foram em sua direção, Ana
se agachou e após avaliar a perna de Samuel caiu para trás
espantada, sua perna prensada pela porta estava quase sendo mutilada.
_ Meu Deus! Tá saindo muito
sangue Mateus! – ela gritou assustada, enquanto Mateus tentava
abrir a porta, sem êxito. Quando o som de uma porta abrindo ecoou no
corredor.
_ É a porta Mateus, você vai
ter que sair e pedir ajuda – disse Samuel devagar e quase sem
fôlego.
_ Tá bom – disse Mateus e
saiu correndo em direção à porta.
_ Vai com ele Ana, esse lugar
é assombrado só pode ser,se fosse ficar aqui comigo pode ser que
não consiga sair! – disse Samuel quase desmaiando de dor.
_ Não Samuel, você tá
perdendo muito sangue, não vou te deixar aqui! – disse Ana
apavorada entre um soluço do seu choro.
Após cerca de 10 segundos a
porta que prendia Samuel se abriu. Apesar de ter a perna livre,
Samuel não conseguia andar, estava muito fraco por ter perdido tanto
sangue e sua perna estava quase totalmente mutilada. Com muito
esforço Ana o arrastou até a porta de saída e chamou por socorro.
Os dois foram socorridos por
uma ambulância, e pela policia que procurava por Mateus que havia
desaparecido. O ocorrido foi divulgado pela imprensa em todo o estado
e a logo ganhou repercussão sendo noticiado por todo o país.
Mateus não foi encontrado por
lugar algum, e foi dado como morto iniciando o trabalho pericial que
dois meses depois encontrou restos de seus órgãos vitais enterrados
no lote da casa. Samuel teve a perna amputada acima do joelho,
ganhando uma prótese de uma emissora de TV. Ana um ano depois
desenvolveu síndrome do pânico e suicidou. A casa? Ainda está lá.
Aguardando suas próximas vitimas.
09 – 202
Nenhum comentário:
Postar um comentário