sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A casa mortal

Mateus e Ana estavam brincando na rua de baixo da casa deles, quando avistaram uma casa abandonada, com uma parte do muro derrubada. Essa casa era muito grande e com uma arquitetura bem antiga. Curiosos, entraram no lote para verem mais de perto e ouviram um grito:
_ Ana! Mat! O que é que vocês estão fazendo? – olharam assustados para trás e viram seu amigo, Samuel vindo em sua direção correndo e ofegante.
_ Ah Samuel que susto! – exclamou Ana revirando os olhos.
_ Mas o que é que vocês pensam que estão fazendo? Estão loucos? Vamos voltar agora! – disse Samuel puxando Mateus pelo braço.
_ Me solta cara, nós só vamos dar uma olhada, se quiser pode vir com a gente, se não fique aqui e perca a diversão – exclamou Mateus puxando o braço de volta.
Mesmo assustado Samuel concordou com o amigo e decidiu acompanha – los. Já estava anoitecendo quando caminhavam até a casa. Mateus primeiramente tentou abrir a porta, forçando a maçaneta, depois chutou. A porta velha era resistente, e mesmo ambos os amigos tentando arromba-la era impossível abrir. Samuel, com um leve sorriso disse :
_ Cara, essa porta não vai abrir, vamos embora.
Mateus deu um leve suspiro e se virou para ir embora, quando a porta se abriu devagar e silenciosamente e ele se virou inexpressivo, olhou para seus amigos e se dirigiu a porta, não entrou. A casa era abandonada fazia cerca de oitenta anos, quando um duque matou sua mulher, retirando seus órgãos vitais ainda viva, como modo de tortura. Logo depois matou a filha e se suicidou. Algumas décadas depois a casa esteve a venda, mas nunca surgiu nenhum interessado, logo a imobiliária responsável pela casa a abandonou.
Mateus de inicio se assustou e depois olhou mais de perto, a casa estava em perfeito estado, não havia luz, apenas os fracos raios de sol que entravam por fendas da cortina o permitia ver a mobília antiga que não estava empoeirada, mas conservada como se alguém a mante-se em ordem por todo esse tempo. Deu pequeno riso e logo o conteve com a mão sussurrando:
_ Não acredito!
Logo, curiosos os outros dois amigos se aproximaram da porta, impressionados. Permaneceram observando a casa por um tempo, quando Ana quebrou o silêncio:
_ Nunca vi ninguém entrando aqui, para limpar nada, nem agentes imobiliários ou parentes do casal que morava ai.
_ Vamos entrar, parece não ter problema – disse Mateus determinado, dando o primeiro passo para dentro da casa, sendo impedido de entrar por Samuel.
_ Acho melhor não, se a casa está tão bem conservada pode haver alguém morando aqui, então seria invasão de propriedade.
_ Ah cara não seja chato, vamos só dar uma olhada e saímos. Um minuto, tá?
_ Certo – respondeu Samuel.
Ambos os três entraram na casa lentamente, e se dirigiram ao centro da sala pouco iluminada, observando atentamente os detalhes da decoração requintada e rudimentar, as poucas faixas de luz do sol que já estava se pondo, permitia a eles enxergar quaisquer móveis que havia na sala. Apesar de as janelas estarem fechadas, um sopro forte e silencioso fechou a porta que bateu com força chamando atenção dos jovens, que correram até ela assustados.
_ Droga, sabia que não era boa ideia! – disse Samuel forçando a maçaneta tentando abrir a porta sem êxito.
_ Ana, vamos olhar as janelas, talvez estejam trancadas por dentro! - disse Mateus correndo até o outro lado da sala onde havia três janelas.
Após verificar e forçar em sentido contrário as janelas, Ana apavorada disse quase sem fôlego:
_ Não adianta as janelas não estão nem trancadas, parece estar emperradas, é impossível abrir!
_ Droga, sabia que não era boa ideia vir aqui – Samuel disse levando a mão ao rosto – quer dizer que estamos presos?
_ Vamos procurar outra saída rápido, antes de anoitecer, ou ficaremos presos aqui no escuro, o que é pior ainda! – disse Ana se aproximando dos meninos.
_ Certo! Talvez haja uma porta dos fundos ou uma janela aberta – respondeu Samuel.
Os três contornaram a escada, refinada em detalhes e talhada em sucupira, chegando a um corredor aparentemente escuro e sem saída, porém com várias portas. Todos assustados andavam lentamente até a primeira porta, quando Mateus a abriu, e observou apreensivo. Era uma sala branca e vazia, sem janelas. Ele fechou a porta e eles continuaram até a próxima porta, que havia a mesma aparência da primeira. Após abrirem a terceira porta e observarem que havia a mesma aparência das outras, os três resolveram se espalhar pelo corredor, e procurar por uma sala que houvesse janela ou qualquer outra saída.
Procuraram por cerca de cinco minutos, quando Samuel abriu uma porta, com a sala com a mesma aparência das outras, a não ser por um detalhe. Uma jovem de cabelo negros e vestido azul escuro estava agachada em um canto da sala chorando, Samuel observou por um tempo e logo ao perceber que era apenas uma garota, perguntou:
_ Você está bem?
Ela o olhou por um tempo e depois voltou a chorar, sem pensar duas vezes Samuel entrou na sala devagar, quando a menina se levantou e o empurrou. Caindo entre o corredor e a sala, Samuel teve a perna presa pela porta soltando um grito de dor. Imediatamente, Ana e Mateus foram em sua direção, Ana se agachou e após avaliar a perna de Samuel caiu para trás espantada, sua perna prensada pela porta estava quase sendo mutilada.
_ Meu Deus! Tá saindo muito sangue Mateus! – ela gritou assustada, enquanto Mateus tentava abrir a porta, sem êxito. Quando o som de uma porta abrindo ecoou no corredor.
_ É a porta Mateus, você vai ter que sair e pedir ajuda – disse Samuel devagar e quase sem fôlego.
_ Tá bom – disse Mateus e saiu correndo em direção à porta.
_ Vai com ele Ana, esse lugar é assombrado só pode ser,se fosse ficar aqui comigo pode ser que não consiga sair! – disse Samuel quase desmaiando de dor.
_ Não Samuel, você tá perdendo muito sangue, não vou te deixar aqui! – disse Ana apavorada entre um soluço do seu choro.
Após cerca de 10 segundos a porta que prendia Samuel se abriu. Apesar de ter a perna livre, Samuel não conseguia andar, estava muito fraco por ter perdido tanto sangue e sua perna estava quase totalmente mutilada. Com muito esforço Ana o arrastou até a porta de saída e chamou por socorro.
Os dois foram socorridos por uma ambulância, e pela policia que procurava por Mateus que havia desaparecido. O ocorrido foi divulgado pela imprensa em todo o estado e a logo ganhou repercussão sendo noticiado por todo o país.
Mateus não foi encontrado por lugar algum, e foi dado como morto iniciando o trabalho pericial que dois meses depois encontrou restos de seus órgãos vitais enterrados no lote da casa. Samuel teve a perna amputada acima do joelho, ganhando uma prótese de uma emissora de TV. Ana um ano depois desenvolveu síndrome do pânico e suicidou. A casa? Ainda está lá. Aguardando suas próximas vitimas.


09 – 202

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