sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A rosa vermelho-sangue

Chegando em casa, Túlio notou que a porta da sala estava entreaberta. Ele nunca deixou de verificar as portas e as janelas quando saía. Então, entrou bem devagar olhando tudo à sua volta. Na sala e na copa, parecia tudo normal. Continuou andando sempre com muita atenção. Quando chegou na cozinha, percebeu que as janelas estavam abertas, mesmo tendo certeza de tê-las fechado antes de sair para o trabalho.
_ Este trabalho já está me deixando louco. – Pensou, enquanto tomava um café frio que preparou antes de ir trabalhar. Exausto, ele decide ir ver televisão, para que a “Grande Tristeza” não pese ainda mais sobre seus ombros, pois tudo que ele faz é para mantê-la longe de si.
Depois de algum tempo, Túlio se cansa de ver sempre as mesmas coisas na televisão. Antes mesmo de conseguir desligar o aparelho, ele cai no sono.
Agora, ele está vulnerável. A “Grande Tristeza” irá castigá-lo novamente, com seu pior pesadelo: Estava vendo novamente Fernanda, sua bela e doce filha, com a rosa mais bonita que ele já havia visto. Vermelhinha, com um tom muito forte, e as pétalas abertas na mais perfeita simetria, correndo na sua direção após ele ter chegado do trabalho.
_ Trouxe para você papai. – Disse, enquanto dava um abraço apertado em Túlio.
Mas algo estava estranho. Naquela noite, Túlio dormiu olhando para a rosa, pois ela realmente chamou sua atenção. Sonhou que estivera na cozinha, pegado uma faca e cortado o pescoço de sua mulher, enquanto tampava sua boca e a imobilizava com uma força sobrenatural. Logo após, sua filha veio correndo até o quarto da mãe.
_ Por que papai? – Perguntou para Túlio, mas assim que acabara de falar, estava com uma faca perfurando seu pulmão, e sua mãe com o pescoço cortado atrás dela. – Foi por minha causa que vocês discutiram de novo? Desculpe-me, sei que pegar aquela rosa foi errado, mas eu queria muito dá-la como presente para você. – Disse, logo antes de cair no chão, morta pelo próprio pai.
Este não era apenas um pesadelo. Era uma visão, completamente nítida do que ocorrera dois dias atrás, mas que ele até hoje Túlio não compreende o que aconteceu para fazer isso com as duas mulheres de sua vida. Só se lembra de ter acordado no outro dia e tê-las visto mortas com vários cortes, porém sem sangue algum. Talvez aquela rosa estivesse mais viva e com sua cor mais forte naquela manhã...
Porém, havia algo diferente desta vez. Seus lindos e inocentes olhos azuis haviam sido substituídos por aterrorizantes olhos negros, que não choravam: apenas saía sangue.
Assustado, Túlio resolve tomar um banho para relaxar, porém ao passar pelo quarto que era de Fernanda, ele percebe um vulto, e uma voz ecoa pela sua cabeça:
_ Por que papai? Eu te amava muito. Veja o que você fez comigo! Aquilo não foi um acidente...
Desesperado, ele corre até seu quarto, e antes mesmo de se virar para fechar a porta, ela já está trancada. Suas cortinas, antes azuis e sem vida, estão agora com manchas vermelhas, cobertas por sangue.
_ Oh, Túlio, já não quer mais brincar com nossa filhinha? Ela está aqui comigo, e quer muito brincar com você. Este lugar para o qual você nos mandou é muito escuro e sombrio, e estamos nos sentindo sozinhas.
Subitamente, Túlio se vê preso, mas não há correntes ou cordas o amarrando. Reúne todas as forças para gritar, mas não sai um único som da sua boca.
_ Já quer ir embora papai? Mas nem começamos a brincar!
De repente, ele as vê: Sua mulher e sua filha, ambas com os olhos negros e sorrisos horripilantes. Em suas mãos, há facas iguaizinhas àquela usada para matá-las.
_ Vamos querido, qual o problema? Você está com medo?
Então, as duas criaturas começam a colocar a ponta de suas facas em Túlio, a mulher na parte da frente, e a criança nas costas. Depois de perfurar, elas deslizam as facas bem devagar, sorrindo.
E então começam. Fazem cortes profundos, chegando até os ossos. Arrancam seus órgãos e membros. Quando percebem que Túlio já não aguenta mais, ambas ficam de frente para ele, e então, com um sorriso atormentador, cortam seu pescoço, num movimento simples e lento, até retirá-lo completamente.
Passados vários dias, alguns vizinhos resolveram entrar na casa, pois não havia sinais de Túlio em lugar algum. Quando chegaram em seu quarto, viram o corpo totalmente desmembrado e cortado em pedacinhos, sendo quase impossível reconhecer.
Depois de limparem o local, uma garotinha viu no exato local onde estavam os pedaços do corpo uma rosa, igual á que Fernanda havia pego, porém com um vermelho–sangue ainda mais vivo, mais intenso.
Ela sabia que não poderia pegar a rosa, porém achou que como ninguém havia visto, não haveria mal algum, pois era apenas uma flor, e não havia mais ninguém que iria se interessar por uma flor naquelas circunstâncias.
Decidiu levá-la para casa, e presentear seus pais com a mais linda rosa que já havia visto.

19 – 201

Um comentário:

  1. conto bem explicado e bem organizado e também gostei muito da historia
    Jadson 13 (204)

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